Carl Pei diz que Apple se tornou muito corporativa (foto: Wikimedia Commons/TechCrunch)
Resumo
Carl Pei, CEO da Nothing, criticou a Apple pela falta de inovação.
Em entrevista, Pei afirmou que a Apple se tornou muito corporativa e menos criativa, e ressaltou que a criatividade deve resolver problemas reais.
No último ano, a Nothing teve um crescimento de 150% e planeja seguir lançando produtos focados na experiência do usuário.
A Nothing tem se esforçado para quebrar padrões no mercado de tecnologia — tanto no design dos produtos quanto na estratégia de preços. Para Carl Pei, CEO da startup britânica fundada em 2019, a proposta é clara: resgatar o encantamento que as pessoas sentiam ao conhecer uma tecnologia realmente inovadora.
Por ter essa visão, Pei não poupou críticas à Apple, que, segundo ele, deixou de ser uma referência criativa. Em entrevista à Wired, o executivo afirmou que se inspirou na gigante de Cupertino no início de carreira, mas considera que, hoje, a Apple se tornou uma companhia burocrática, mais preocupada em manter sua posição do que em surpreender os consumidores.
“Pessoalmente, fui muito inspirado pela Apple quando era mais jovem — o primeiro iPod, o primeiro iPhone —, é por isso que estou neste setor.
Mas agora, as empresas criativas do passado se tornaram muito grandes e muito corporativas, e não são mais tão criativas. Não inspiram mais a geração mais jovem. Então, estamos tentando [na Nothing] trazer isso de volta”.
Carl Pei, CEO da Nothing
Soluções para problemas reais
Na visão de Carl Pei, criatividade vai além do design ou da estética. Trata-se de encontrar soluções para problemas reais — algo que, segundo ele, está cada vez mais raro no setor de smartphones. “Quando não temos escala industrial, precisamos ser criativos para competir”, explicou o CEO.
Pei defende que o caminho da Nothing é justamente se concentrar em públicos específicos, como profissionais criativos. Um exemplo disso é o recurso Essential Space, presente no Nothing Phone (3a), desenvolvido para ajudar usuários a organizarem suas ideias de forma prática e intuitiva.
Outro ponto levantado pelo executivo é a relação das grandes empresas com a inteligência artificial. Para ele, o mercado está mais preocupado em encaixar IA nos produtos como uma tendência de marketing do que, de fato, resolver problemas dos consumidores.
“A Apple vendeu uma narrativa enorme sobre Apple Intelligence. Um ano depois, entregou basicamente alguns emojis gerados por IA. Isso gera ceticismo nas pessoas”.
Carl Pei, CEO da Nothing
CEO defende smartphones sem aplicativos
Nothing vem inovando no mercado de smartphones (imagem: divulgação/Nothing)
A aposta da Nothing para o futuro dos smartphones é ousada. Carl Pei acredita que, em alguns anos, os celulares terão apenas um aplicativo: o próprio sistema operacional, capaz de entender as preferências e necessidades de cada usuário.
Segundo ele, o avanço da IA permitirá que o sistema reconheça contextos, como horário, localização e rotina, para sugerir e executar ações de forma automática. “Hoje você precisa desbloquear o celular, abrir aplicativos e realizar tarefas manualmente. No futuro, o aparelho fará tudo isso sozinho, de maneira proativa”, afirmou.
Apesar da visão futurista, Pei reconhece que esse cenário não se concretizará tão rápido. Ele estima que a transição para esse modelo leve entre sete e dez anos, já que os usuários ainda estão muito acostumados com a lógica dos aplicativos. “Se disséssemos hoje que eliminamos os apps do smartphone, ninguém compraria”, pontuou.
Enquanto isso, a Nothing continua buscando espaço em um mercado dominado por gigantes. Mesmo representando apenas 0,1% do mercado global, a empresa cresceu cerca de 150% no último ano. A meta, segundo Pei, é seguir lançando produtos que priorizam uma boa experiência e que ajudem os usuários a desenvolver sua criatividade, em vez de apenas seguir tendências.
Com informações da Wired e do 9to5Mac
Apple não é mais criativa e nem inspiradora, alfineta CEO da Nothing
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